La Bayadère



 
Histórico

Balé em três atos e cinco cenas

Libreto: Khudenov

Coreografia: Marius Petipa

Música: Ludwig Minkus

Figurino: I. Andreev e M. Bokarov

Estréia mundial 23 de janeiro de 1877, no Teatro Marinsky de São Petersburgo. Ekaterina Vazem interpretou Nikiya; Lev Ivanov, Solor; Christian Johannsen, o Rajá e Maria Gorshenkova, Gamzatti.

 La Bayadère é uma produção típica do período em que foi produzido – um enredo que se passa em um lugar antigo e exótico, com cenas ativas e melodramáticas – o ambiente perfeito para serem inseridas danças fascinantes e muitas cenas de mímica, tudo em uma atmosfera de suntuosos cenários e vestuário.

    De 1860 até meados de 1880, Petipa primou por temas tradicionais em seus ballets, tipicamente melodramáticos, sempre envolvendo um triângulo amoroso, em que havia um ser sobrenatural simbolizando o ideal de feminilidade. O tema trágico de La Bayadère certamente foi composto baseado nestes elementos.

    As verdadeiras origens de La Bayadère são ainda obscuras, e até mesmo o responsável pelo cenário é tema que gera discussões, mesmo hoje em dia. À época da primeira produção de La Bayadère era comum ser publicado no jornal, antes da estréia, o libreto, uma lista das danças e um artigo falando à respeito do novo trabalho. No caso de La Bayadère, não foi dado crédito a nenhum autor quando o libreto foi publicado, em 1876, no St. Petersburg Gazette.

    Quando Petipa remontou o ballet em 1900, o jornal novamente publicou o libreto, desta vez creditando à Sergei Khudekov a autoria de La Bayadère, entretanto, Petipa logo em seguida escreveu uma carta ao editor, informando que ele mesmo havia escrito o libreto e que Khudekov apenas teria contribuído com oito linhas de instruções de palco na margem. O St. Petersburg Gazette publicou um pedido de desculpas à Petipa e o reconheceu como único autor do libreto.

La Bayadère foi criado para a primeira bailarina do St. Petersburg Imperial Theatre, Ekaterina Vazem. Durante a segunda metade do século XIX o ballet na Rússia era dominado por artistas estrangeiros, a partir de 1860 e 1870 a administração do teatro passou a incentivar o talento nativo, o que tornou a bailarina Vazem uma das mais aclamadas da companhia. Já o papel de Solor foi criado para Lev Ivanov, Primeiro Bailarino do St. Petersburg Imperial Theatre.
    Petipa concluiu a produção em incríveis seis meses, apesar das difíceis circunstâncias que enfrentou. O diretor do Teatro, o aristocrata Barão Karl Karlovich Kister, não simpatizou com La Bayadère, passando a limitar o orçamento o máximo possível. Nesse período as óperas italianas estavam fazendo grande sucesso, tendo muito mais prestígio que o ballet, e por isso monopolizavam o palco, tanto para ensaios como para os espetáculos.
Desta maneira, restaram apenas dois dias por semana de ensaios para o Ballet, enquanto que a ópera ensaiava de seis a sete vezes por semana. Foi dado a Petipa um único dia para ensaiar com o figurino do espetáculo, tendo sido esta a primeira e única vez antes da estréia em que todas as cenas e danças foram montadas no palco juntas.

Apesar dos inúmeros empecilhos, em sua estréia em 23 de janeiro de 1877, o Imperial Bolshoi Kamenny Theatre estava completamente lotado, sendo La Bayadère um estrondoso sucesso. No final do espetáculo Petipa, a bailarina Vazem e o compositor Minkus foram diversas vezes ao palco agradecer os intermináveis aplausos.


Ato I
Cena I - No Exterior do templo Hindu
Depois de uma caçada bem sucedida, o jovem Solor envia seu servo ao Rajá Dugmanta levando-lhe um tigre por ele morto. Solor fica a espera de sua amada, Nikiya.
Ela recebe um aviso de Magdaveya, um faquir, dizendo que Solor está a sua espera. Os dois se encontram e Solor pede a Nikiya para fugir com ele, a moça aceita , mas obriga seu amado a jurar fidelidade diante do fogo sagrado. O Sacerdote Brâmane depois de ser rejeitado por demonstrar seu amor a bailadeira, surpreende a conversa dos dois, e jura vingar-se.


Cena II - No palácio do Rajá


Satisfeito com o presente de Solor, O Rajá oferece-lhe a mão de sua filha em casamento, a linda Gamzatti. Solor encantado com a beleza da moça, esquece o voto feito a Nikyia.


Nikiya ao saber de tudo, vai ao palácio e implora a Gamzatti que deixe Solor para ela, revelando-lhe todo seu amor. Gamzatti tenta comprar Nikiya. Num ato de desespero Nikyia ameaça Gamzatti, apavorada com seu própio gesto, foge.

Cena III - A festa de noivado


No noivado de Solor e Gamzatti, Nikiya dança com as demais bailadeiras.Durante a dança recebe uma cesta de flores onde se esconde uma serpente venenosa. Nikiya é mordida. Brâmane se ofererce para salvá-la caso ela aceite ficar com ele. Ela recusa depois de ver Solor com Gamzatti, e morre.

Ato II - O Reino das sombras

Após fumar ópio, Solor adormece e sonha que está com Nikiya em uma terra desconhecida e jura para sua amada que nunca mais tornará a abandoná-la.

Ato III - O ritual do casamento

Solor é levado para se casar com Gamzatti, quebrando o juramento feito a Nikiya. A profecia da bailadeira acontece e o templo cai em ruínas.




Nikiya vem buscar Solor para viverem seu amor na eternidade.


O Lago dos Cisnes




Balé dramático em quatro atos
Libreto: V.P. Begitchev e Vasily Geltzer
Coreografia: Julius Reisinger (primeira produção); Marius Petipa (1º e 3º atos, segunda produção) e Lev Ivanov(2º e 4º atos, segunda produção)
Cenários: Shangin, Valtz e Groppius (primeira produção); Botcharov e Levot (segunda produção)
Música:
Piotr Ilyich Tchaikovsky Figurinos: H. Simone e Vormenko
Estréia mundial da primeira produção: 20 de fevereiro de 1877, no Teatro Bolshoi, Moscou. Pelágia Karpakova interpretou Odete-Odile e S. Gilbert II, Siegfried. Segunda produção: 27 de janeiro de 1895 no teatro Maryinski, em São Petersburgo. Pierina Legnani interpretou Odete-Odile e Paul Gerdt, Siegfried.



 Ato I
Uma festa era realizada em comemoração ao 21° aniversário do príncipe Siegfried, porém, justamente por ter atingido a maioridade, a Rainha-mãe decide que na noite seguinte o rapaz deveria escolher sua noiva, em meio a um grande baile.

Ato II
O príncipe e seus amigos resolvem ir até a floresta para caçar, quando avistam em um lago diversos cisnes. Siegfried prepara-se para atirar, no entanto os cisnes transformam-se em belas e jovens princesas. Odete, a Rainha dos Cisnes, conta-lhe o que lhes aconteceu, o bruxo Rothbart lançou a todas aquelas moças uma maldição.


Durante o dia elas seriam cisnes e somente após a meia-noite até a aurora se transformariam em humanas.



            O encanto só seria quebrado se Odete encontrasse um jovem bom, de coração puro, que a amasse e jurasse à ela fidelidade.

Siegfried se apaixona por Odete e jurando seu amor, convida-a para ir ao baile que haveria no dia seguinte, no qual quebraria o encanto. A princesa adverte Siegfried para as artimanhas de Rothbart.





Ato III
Durante a festa, vários convidados que chegavam de diversos lugares mostravam suas danças. A Rainha-Mãe apresenta ao príncipe seis princesas, para que ele escolhesse uma delas para ser sua noiva. O príncipe não demonstra interesse algum por nenhuma, seus pensamentos estão voltados para Odete.
           

 A chegada de um estranho cavalheiro e sua jovem filha é anunciada. O cavalheiro é Rothbart que havia se disfarçado de nobre, enquanto a jovem moça era Odile, filha de Rothbart, que por magia de seu pai adquirira a aparência de Odete.



            O príncipe, sentindo-se eufórico ao ver sua amada, não percebe que ainda não é meia-noite e que aquela não poderia ser Odete. Dança com a moça, fazendo sua escolha e juras de amor à ela. Depois de notar seu equivoco, sai correndo desesperado em direção ao lago.





Ato IV
Odete junto a suas amigas, sente-se totalmente desamparada e traída. O feiticeiro encontra o príncipe, com o qual luta tentando mata-lo, convocando todas as forças da natureza. Odete e o príncipe atiram-se no lago, provando o amor verdadeiro de Siegfried e quebrando o feitiço, além de destruir o próprio Rothbart.
















Don Quixote


A mais famosa e duradoura versão deste ballet foi criada pelo coreógrafo Marius Petipa e o compositor Léon Minkus, para o Bolshoi. A estréia ocorreu em 26 de outubro de 1869, tendo como bailarinos principais Wilhelm Vanner (Dom Quixote), Anna Sobeshchanskaya (Kitri), Sergei Sokilov (Basílio), Polina Karpakova (Dulcinéia), Vassily Geltser (Sancho Pança), Leon Espinosa (Harlequin), Dmitri Kuznetsov (Gamache).
Inúmeras foram as tentativas de adaptar a obra literária “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, para o ballet, no entanto a primeira a prosperar, obtendo estrondoso sucesso foi a de Marius Petipa, para o ballet Bolshoi, em 1869.



    A adaptação de Petipa foi revestida de irreverência, sem grandes preocupações em seguir à risca a obra literária, tomando-a apenas como base para o desenvolvimento de um entusiástico e virtuoso ballet com tema espanhol.
Petipa foi responsável pela coreografia e ainda, pelo libreto do ballet Dom Quixote, colocando como tema central o romance de Kitri e Basílio. Já a música ficou a encargo de Leon Minkus, surgindo apoteótica e ao mesmo tempo sutil em alguns momentos, no entanto, seu trabalho sempre foi criticado, por não conter a beleza e profundidade características da música espanhola, por outro lado, não resta dúvida que foi determinante para o completo sucesso e popularização deste ballet.



    O ballet foi dividido em quatro atos e cinco cenas, sendo inseridas variações de alta exigibilidade técnica e expressiva, capazes de não apenas prender a atenção do público, mas de deixá-lo extasiado, exemplo disso é o grand pas de deux do quarto ato que, por seu virtuosismo, ganhou vida própria, sendo apresentado separadamente sem prejuízo algum.
Baseado no trabalho de Petipa diversas outras aclamadas versões foram produzidas, com algumas variações, que são naturais, de acordo com seu autor.




Prólogo
Dom Quixote, um homem extremamente sonhador, acaba de tomar uma decisão, se tornaria um cavaleiro. Conta a seu fiel escudeiro Sancho Pança, convidando-o a se aventurar junto com ele.
Ato I – Uma praçano mercado de Barcelona
Em Barcelona, na praça do mercado, Kitri está sendo forçada por seu pai, Lorenzo, a aceitar os galanteios do rico comerciante Gamache, que pretende casar-se com ela. Porém Kitri ama o barbeiro Basílio.
Um grupo de toureiros, liderados por Espada, chegam à praça, chamando a atenção de todos em uma apresentação, juntamente com Mercedes, a amada de Espada.
Dom Quixote chega à praça em seguida e, ao ver Kitri, transforma-a, em sua imaginação, na bela Dulcinéia, mulher que ele sonhava e havia idealizado. Não aceitando que sua amada Dulcinéia case-se com outro, desafia Gamache para um duelo. A multidão, e o próprio Gamache, não lhe dá importância, sendo expulso da cidade.
Basílio e Kitri, inconformados com a decisão de Lorenzo, fogem para viver seu romance, sendo perseguidos pelo pai e pretenso noivo de Kitri.



Ato II
Cena I – O Acampamento Cigano



Dom Quixote, acampa à beira dos moinhos, encontrando o casal fugitivo e os ciganos. No entanto, vítima de suas fantasias, ataca carroças e moinhos de vento, julgando estar em batalha com gigantes inimigos.
Cena II – O Sonho
Ao final da batalha, exausto, Dom Quixote dorme e sonha com os jardins de Dulcinéia, povoados por seres fantásticos, como as dríades e sua rainha, o cupido, além de Kitri e sua amada Dulcinéia.




Ato III – Na Taverna
Kitri e Basílio vão à taverna, mas acabam sendo encontrados por Lorenzo e Gamache, que insistem no casamento.
Basílio, desesperado ante a perspectiva do casamento de Kitri e Gamanche, finge estar se suicidando, e pede ao pai da moça que lhe satisfaça um último desejo, concedendo-lhe a mão de sua filha em casamento. O pai cede, e para o seu espanto, Basílio se levanta radiante de saúde e felicidade, para abraçar a amada. Todos festejam o noivado.


Ato IV – O Casamento
Para alegria de todos, Kitri e Basílio se casam. É feita uma grande comemoração onde todos dançam, até mesmo Gamache.



O ballet estreou com bailarinos russos nos papéis principais, rompendo a tradição dos teatros imperiais de convidarem astros ocidentais para as estréias de suas produções.
  • As notáveis performances dos bailarinos do Bolshoi e Kirov contribuiram decisivamente para que esse ballet fosse difundido por todo o mundo, sendo considerado adequado para grandes bailarinos e companhias, por sua bravura técnica.
  • Os ensaios não foram tranqüilos, devido ao comportamento de Petipa, autoritário e difícil de trabalhar, o que gerou diversos desentendimentos com os colaboradores.
  • Marius Petipa e sua esposa Maria Surovshtchikova se divorciaram no ano da estréia do ballet. 
  • A primeira vez que Dom Quixote foi visto fora da Rússia foi em 1924, na Inglaterra, em uma versão de apenas dois atos, dançada por Anna Pavlova e sua Companhia, montada por Laurent Nivikoff.
  • Era uma tradição o uso de cavalos e burros no palco em Dom Quixote, no entanto, na produção de Anna Pavlova na Inglaterra, o cavalo parecia robusto demais para Dom Quixote, o animal foi então composto para parecer mais magro, o resultado parece ter sido tão bom que as autoridades passaram a investigar se o cavalo vinha sofrendo maus tratos.




O Quebra-Nozes



Balé originalmente em dois atos e três cenas

Libreto: Lev Ivanov

Coreografia: Lev Ivanov

Musica: Piotr Ilyich Tchaikovsky

Cenários: M.S. Botcharov

Figurinos: autores desconhecidos



Estréia mundial: 17 de dezembro de 1892 no Teatro Maryinski em São Petersburgo, Rússia.

Antonietta Dell-Era interpretou a Fada Açucarada e Paul Gerdt, o Príncipe.


Libreto

    Ato I - Cena I

         Em uma festa de natal, Clara Stahlbaum, recebe do padrinho, Herr Drosselmeyer, um boneco quebra-nozes, em forma de soldadinho.

As crianças passam a festa com a atenção voltada para Drosselmeyer, que mostra mágicas e danças, além de um teatro de fantoches.

         Ao terminar a festa, todos vão dormir, mas Clara não consegue parar de pensar em tudo que havia acontecido naquela noite. A menina volta à sala, para ver seu presente e acaba adormecendo.

Sonha com um exército de ratos invadindo a sala, e para defende-la, um exercito de soldadinhos de chumbo comandado pelo Quebra-Nozes.

O Rei dos Ratos fere o boneco que ,desarmado, está prestes a perder a batalha. Nesse momento, Clara atira sua sapatilha no Rato, salvando o Quebra-Nozes.


Ato I -  Cena II

         Clara sente a presença de seu padrinho, e magicamente o boneco é transformado em um belo príncipe. Ela é conduzida ao Reino das Neves.

Ato II
    Logo em seguida, ao chegar no Reino dos Doces, conhece a Fada açucarada, a qual homenageia Clara com uma grande festa.

         Danças de diversas regiões são executadas, simbolizando o chocolate, o café, o marzipan, o chá, etc. No final a Fada Açucarada e o Príncipe dançam o grande Adágio.


         A menina começa a ficar sonolenta, retornando a um sono profundo. Quando amanhece Clara é encontrada pelos pais dormindo ao pé da árvore de Natal, abraçada ao quebra-nozes.

É festa de Natal na casa da família Stahlbaum. As crianças se divertem e Clara recebe do padrinho, Herr Drosselmeyer, um boneco Quebra-Nozes.

Drosselmeyer diverte as crianças com brincadeiras e mágicas, distribuindo presentes para todos.

No fim da festa, depois que todos já estão dormindo, Clara volta para a sala e adormece ao lado da árvore de Natal e de seu presente. Sonha que um exército de ratos está invadindo a sua sala, mas o quebra-nozes a defende, comandando um exército de soldadinhos de chumbo.




O Rei dos ratos acaba ferindo o boneco, que, desarmado, está prestes a perder a batalha quando Clara o salva atirando seu sapato nos ratos.

Drosselmeyer aparece em seguida e, num passe de mágica, transforma o boneco em um belo príncipe, que leva Clara ao Reino das Neves e ao Reino dos Doces.

A Fada Açucarada, Rainha do Reino dos Doces, homenageia Clara com uma grande festa, onde todos os habitantes do seu reino dançam, representando as várias regiões (podem ser as danças do Chinês, Árabe, Russos, etc.; ou em outras versões, as danças do chocolate, do café, das flores, etc.).

Por fim, a Fada dança um belo pas-de-deux com o príncipe, quando Clara começa a se sentir sonolenta até adormecer de novo. Na manhã seguinte, quando acordam, a casal Stahlbaum encontra Clara dormindo embaixo da árvore, abraçada ao Quebra-Nozes.

Ela sabe que seu presente de Natal foi uma linda viagem, em forma de sonho, e não apenas um boneco.



O Quebra-Nozes foi um Balé que veio marcar a afirmação da Rússia como o grande centro mundial da dança, ao invés da França. A começar pelo seu coreógrafo, Lev Ivanov, que era russo e discípulo de Marius Petipa.

 Quando este perdeu seu interesse pela obra, por seu caráter infantil, Lev Ivanov assumiu a coreografia da obra. Foi a segunda composição de Tchaikóvsky para ballet, e considerada um dos mais perfeitos casamentos entre coreografia e música, pois nenhum dos dois se sobressai em relação ao outro.







O Quebra-Nozes foi um Balé que veio marcar a afirmação da

Fonte:Livro Histórias de Ballet -Luisa Lagôas